terça-feira, 17 de novembro de 2009

Negação

E quando acontecer
que seja rápido
que eu não veja
que eu não ouça
que eu esqueça
e que apague

E quando me contarem
que eu não pense
que eu não chore
e que eu durma

E quando for embora
que não me diga
que não se despeça
que não me beije
que não me olhe
que não me escreva

E quando for mentira
que eu não saiba
que eu não acorde
que eu fuja

E quando eu lembrar
Que eu não sinta
Que eu não te ligue
E que não te perdoe

E quando houver alguém
Que eu não compare
Que não me faltes
Que eu não assuma para mim mesma o fato da minha negação.

sábado, 7 de novembro de 2009

Amar é como ser criança outra vez. A gente se magoa por pouco, e pode chorar por um simples grito zangado. A gente treme de timidez e fecha os olhos de vergonha. A gente briga e faz as pases minutinhos depois como se nada tivesse acontecido. A gente beija o telefone em toda despedida. A gente não se conforma quando recebe um não e faz pirraça. E adora ser ninado pelos braços de quem ama. A gente não ouve os conselhos de ninguém, porque é tudo baboseira. A gente arruma as coisas e finge que vai embora só pra se sentir mais importante se for impedido. A gente gosta de chamar atenção de quem ama e cria raiva dos amigos que roubam ela da gente. A gente se torna inconseqüente e dá à vida a coragem de tentar. A gente volta a acreditar nas pessoas, e até se encanta pelo olhar de um estranho. Se a gente cair, se machucar e nos disseram para tomar cuidado na próxima vez. Não adianta, a gente vai pular de novo.