terça-feira, 28 de abril de 2009

Redenção.

Tento não ligar, jogo o celular na cama e insisto a mim mesmo que pior que ciúme é o excesso de atenção. Com essa seria a terceira vez que nos falamos num dia mesmo depois de se ver. Porque não esperar a saudade e com ela o gostinho da voz por um dia não ouvida? Parece uma teoria plausível se não fosse a minha impulsividade. O ápice do prazer é o maior sintoma de um vício que se forma. Prometo não olhar-te com os olhos abobalhados e quando me vejo já estou com cara de idiota. Seguro as mãos evitando carícias exaustivas, mas elas me escapam e vão ao encontro do teu pescoço. Negar-se ao impulso da paixão é mesmo que negar a própria essência. O amor é em si como a Gabriela de Jorge Amado. Ele nasce assim, cresce assim e vai ser sempre assim. Eu resisto. Tento matar minhas manias, mas confesso que me rendo.

terça-feira, 21 de abril de 2009

E...

E se olharam uma vez
E se olharam de novo
E se conheceram
E se abriram
E saíram
E o primeiro beijo
E o primeiro toque
E a primeira saudade
E a vontade de estar
E medo de não ser
E do talvez à certeza
E mãos nas mãos
E promessas feitas
E cumpridas
E sonhos na realidade
E realidade nos sonhos
E assim foi
E está sendo
E o tempo que recita a poesia da vida
E que pára num verso
E que descreve um beijo
E um até logo
E um eu te amo
E eu te amo
E...

domingo, 19 de abril de 2009

Ombros nus.

Assim como beijos, existem abraços de diversas maneiras. Já recebi abraços de pêsames, abraços amigáveis, banhados de sofrimento, vibrantes de alegria. Passei por muitos abraços falsos, por abraços apaixonados, fraternos e formais. Por abraços de conforto e aqueles que me deixaram marcas. É preciso deixar os ombros nus. Sem medo de receber o abraço de um estranho. Deixei os meus e recebi abraços que aceleraram os meus batimentos e me fizeram voltar a abraçar os sonhos, a esperança do amor, a amizade e o mundo novamente.

sábado, 18 de abril de 2009

Pisando nas estrelas.

A luz que brilha lá no fundo nem sempre é aquela que vai me iluminar. É um pouco dúbio e de pouco entendimento. Nem toda a luz que vemos é a vida, a não ser o grito da mulher parindo e o choro da criança que sai das suas entranhas. Mesmo que me seja um devaneio, quando fecho os olhos, vejo o céu que não posso alcançar. E mais a diante, depois de um comprimido que me ajuda a adormecer, sinto já estou dentro da luz das estrelas. Algumas luzes mortas cismam em entrar nos meus sonhos. As lembranças ruins que um dia foram boas, os finais tristes de filmes que começaram com as mais lindas canções. As estrelas são fantasmas que nos assombram. Por isso me agarro a luzes que estão vivas. Fecho a janela e ligo o abajur, rejeito a aurora e acordo ainda pela madrugada para beber da luz de um beijo que me fortalece em todas as manhãs dos dias de semana. Para que ficar olhando o que não existe mais? Jogamos vaga-lumes no ventilador pensando produzir luz. Se não podemos apagar a luz das estrelas, então que pisemos nela com a indiferença de esquecer que elas um dia existiram.