quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sobre o amanhã

O mundo muda, o tempo muda, os outros deixam de ser os mesmos. Todos os dias, momentos, alegrias, festas e encontros, tudo se tornará ontem. E a nós cabe o fardo de seguir o tempo. Mesmo sem ritmo, mesmo com demora, mesmo atrasados e desatentos. O tempo anda e não olha para trás, não nos espera amarrar os cadarços para não tropeçarmos pelo caminho. O tempo é cego, não nos entende e nem nos consola. A verdade é que  todos nós, não importa quem sejamos, mesmo com amor ou não, tememos ao tempo. Por isso chamamos por Deus, por isso nos casamos e temos filhos, por isso amamos e revelamos as fotos para guardar o que é nosso. Por isso te olho mesmo quando dorme, com esse seu rosto jovem, as pupilas adormecidas e a sua expressão serena de que tudo vai acabar bem. Um dia cruzaremos a mesma esquina, e por isso exagero ao dizer que te amo. Amanhã teremos rugas, as dúvidas serão mais presentes, o que nos é invisível aos olhos, nos será mais claro do que nunca. O tempo nos muda o tempo todo. Até mesmo agora, quando estamos sentados na poltrona, ou sorrindo numa mesa de bar, ou fazendo amor, ou cantando no chuveiro, ou andando sem destino banhados pelo horizonte que adorna o mar. Ou lendo um livro pouco antes de dormir, ou apenas pensando na vida sem chegar a conclusão alguma.