segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sobre o amor

Passado o tempo me pergunto da certeza. É claro que não temos a mesma força de Deus em inflar o âmago ao apontar um ato e dizer sim, mas eu fiz escolhas. Não importa analisar os fatos e criar hipóteses sobre o talvez. O mundo é real e eu também. Somos fatos e feitos de possibilidades. É gostosa a brisa que sai das suas narinas, passa pela minha alma e pelos caminhos que separam os poros. Com janelas ou não, a vida continua serena. A diferença entre ter e ser é que eles se completam. Somos como parasitas um do outro. E essa dependência reflete a nossa condição. O amor talvez seja um acordo. Concordamos que enquanto nos amarmos estaremos juntos, donos dos mesmos direitos, e assim seremos. Seríamos infelizes se não compartilhássemos das mesmas neuroses. Se me ama me diga quando eu perguntar e não me negue uma só vez. Senão a criança que existe em mim nunca mais vai acreditar em você. Não importam os abraços e os beijos, as cartas e as canções. Se eu morresse você choraria? Às vezes eu queria morrer só para ver o quanto você me ama. Eu sei que é infantil, mas e daí? A verdade é que o amor é feito de um pouco de medo. Se não tememos mais é porque ficamos indiferentes. Como será daqui a vinte anos? Não quero nem pensar. Lábios murchos e curvas deformadas pelo tempo são flagelos que me surram a mente. E enquanto durmo uma dúzia de pesadelos me lembram de que sou mortal. Porque a vida é tão pequena, meu amor? Eu sei que você não sabe a resposta, mas talvez ela nem seja tão pequena assim. Acho que nós é que somos grandes demais. E amar pode nos trazer o medo de não ter fé em algo. Vamos orar pelas nossas vidas, rezar por cada momento e acender velas no jantar religiosamente. Não me faça me sentir ridículo. Contigo choro e com os outros por vezes sou tão frio. Já passei da casa dos vinte e ainda não me sinto maduro o bastante. Eu te disse para ser paciente e entender as minhas inconstâncias. Fique calmo! Minhas crises não passam de um dia, e minhas dores são resetadas pela alegria da paixão. Não me dê presentes, porque os tecidos desbotam e não possuem o mesmo charme que um papel mofado no fundo da gaveta. Ao passo que me levo a uma reflexão mais profunda percebo que não temos muito a ver. Você é um grego e eu sou um troiano. Mas o romance mais famoso da história foi construído por dois jovens de famílias rivais não é? Então me deite ao seu lado e ponha os olhos nos meus com seriedade. Sorrisos são bem vindos ao fim desse momento. Piadas ao fim da noite. Apenas me diga o que preciso ouvir. Algo que por mais que não tenha saco para dizer e que ache besteira, eu faço questão. Não prove agora da minha pele salgada e nem adoce os lábios nos meus. Seja poético uma vez na vida. Passe a mão pelo meu corpo com os dedos nervosos de quem escreve uma canção. Meça as palavras para que não saiam relapsas. E mate as minhas incertezas com suas confissões. Não consigo viver um dia após o outro e esperar pela vez em que nos daremos conta de que não conversamos. Estamos juntos por um acordo e não estabelecemos a data de quando ele vence. Então me diga. Fale pouco, mas fale o que preciso ouvir. Porque não sei se amanhã vou planejar um passeio, uma viagem ou uma vida contigo. O mundo é vago quando estamos confusos. Me ponha na órbita dos meus sentimentos. E quando tudo estiver em equilíbrio. Me beije, me abrace, me ame.

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