segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sobre o acaso

Você está certo quando diz que não consigo dormir sem ouvir o barulho do ventilador. Mas o silêncio me assusta. Parece besteira, espero que entenda. Feche a janela e as portas. Tenho medo do que pode vir à noite por dentro da ventania. A fumaça e o barulho das balas que mordem os pecadores. Deixe toda a maldade do mundo lá fora e aqui dentro estaremos protegidos. É claro que não sou uma criança. Minha inocência se perdeu há muito antes do meu corpo dar o primeiro suspiro da puberdade. Mas agora nesse lugar tudo é tão doce, o colchão é tão macio. E os seus braços que me confortam de nada me lembram os outros que me envolveram as costas. É incrível como o coração tem o poder de esquecer aquilo que um dia foi presente. Porém disso não tenho medo. O momento é agora. Estamos juntos e o meu celular está desligado. Não interessa quem me ligue. Hoje não tenho família, nem casa, nem destino. O meu mundo é aqui nesse quarto. Não me importa o que somos ou quem somos, o que importa são as horas que pagamos. E quando o dia amanhecer, e sairmos sob a última sombra da noite, quero andar ao seu lado. Anote o meu número e me ligue antes da minha saída noturna. Se eu pudesse me aposentar antes de murchar a minha juventude, faria isso agora. E venderia esse carro para te roubar das esquinas. Eu não ligo para as notas. Seria egoísmo meu cobrar por nem que seja um metro a alguém que me levou as estrelas. Talvez adeus, ou até logo, ou, por favor, meu bom Deus, até as 9:30... Quando eu passar pelos faróis e bater os olhos nos teus novamente.

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