quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sobre a verdade


Eu queria entender de tudo. Queria entender as teorias, os livros de ciências, as equações de matemática, as filosofias. Eu queria entender os cegos, como eles enxergam o mundo sem ao menos saber a sua tonalidade. Queria entender os incrédulos e os crentes. As mulheres apaixonadas, os fanáticos por futebol, eu queria entender o amor. Não o amor carnal ou que escorre pelos sentimentos. Digo o amor pelas coisas, os vícios, as ânsias, os prazeres. Eu queria entender os discursos, a essências das coisas, os sentidos das palavras... É isso! Eu queria as palavras. Não as palavras escritas no papel e reproduzidas a exaustão. Eu queria entender as palavras cuspidas em momentos de euforia, de raiva, de felicidade. Saber do seu caráter efêmero, da sua futilidade, da atribuição de sentidos ou da falta deles. Eu queria entender os senhores, digo os anciãos com radinhos de pilha sentados na varanda no fim do dia. Eu queria entender as contradições, mas como entendê-las se entender é esquecer que o mundo tem um contrário? Eu queria entender o mundo em suas formas e cores. O peso da existência e a sutileza de existir sem significar. Talvez quanto mais significados copiamos dos outros mais entendemos as coisas. Talvez entender esteja em apenas aceitar a verdade dita, criada, fabricada como as latinhas de cerveja. E beber visões sem contestá-las. Sem se ater aos detalhes, apenas digerir ilusões. Talvez entender só seja possível se não se deixar entender. Se não fizer questão e aceitar discursos, com o olhar pacato que condiz com o segredo de que no fundo você não está entendendo nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário