domingo, 26 de fevereiro de 2012

Os dramas do amor romântico


Ainda que sobrevivamos aos casos e acasos, não aprendemos com eles. Acho que talvez estejamos presos a um inconsciente coletivo, a uma falsa ilusão de que o amor existe. E eis que paira sobre mim uma questão: O amor realmente existe? Talvez não exista palavra mais idealizadora que essa. Amor pra mim é divino e os homens seres incapazes de suportar tamanha força. Não damos conta do amor, mas até que poderíamos se todos os namoros vivessem congelados no seu primeiro ano de vida. Toda a idealização do amor está ali: aquela doçura de quem se ama, a compreensão, os afagos e o sexo latente que não sobrevive, mesmo que tentemos, ao poder corrosivo do tempo. E quem diz que ama da mesma maneira que há uma década atrás está mentindo. Hoje minha mãe me diz que se vivesse no meu tempo jamais casaria. De certo modo até que a entendo, mas a verdade é que somos solitários e que a angústia da existência nos impulsiona a procurar algum tipo de consolo. Estamos longe do autocontrole, da auto-suficiência e mesmo quem se diga resistente ao amor, uma ora ou outra acaba perdendo a batalha. Confesso que merecem aplausos os infiéis ou quem ama mais de um. Talvez essa seja uma solução para fugir do amor romântico. E quem não tem o dom de se render aos relacionamentos modernos, acaba por ruir aos poucos nessa velha e amarga novela. A modernidade pode ser uma arma a nosso favor. Já não se vê com maus olhos quem troca de parceiro a cada estação e nem quem trata uma fossa com transas casuais. Hesito um pouco em falar que cada um tem o seu jeito de amar, pois já vi muitos casos em que os mais insensíveis dos seres se transformam em mocinhas dos romances de jornaleiro. Há quem diga que o amor é uma criação do homem assim como a fé, e por silogismo amar é ter fé. É acreditar que mesmo com as diferenças, com as brigas e o rancor, no fim vai valer a pena, mas o problema é que a modernidade é cética. Não acreditamos mais nos outros depois de algumas desilusões e não nos deixamos mais abertos com medo de sermos destroçados novamente. Uma opção seria tratar o amor como uma religião. Cultivar o amor, ser fiel ao amor, praticá-lo e senti-lo sem medo. Apenas por acreditar que aquilo pode dar certo se os dois quiserem, mas sem cobranças. E guardar quaisquer que sejam as questões sem desistir que a vida nos dê uma resposta. Porque de uma maneira ou de outra, ela sempre dá.

Caco Garcia. 

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